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ADOLESCÊNCIA A TAL FASE PECULIAR DE DESENVOLVIMENTO! (PARTE 4) – A CRISE E A PARCERIA PARA SUPERAÇÃO

  • Foto do escritor: Silvia Losacco
    Silvia Losacco
  • 9 de ago. de 2018
  • 4 min de leitura

A CRISE E A PARCERIA PARA SUPERAÇÃO - Diga ao Google

Para transpor as dificuldades de forma a garantir a qualidade necessária para a vida adulta, o/a adolescente necessita de parceiros que o/a ajudem a construir formas adequadas para a superação das incertezas e dos conflitos advindos. Por conta da maturação neurológica, das novas sensações corporais e experiências relacionais. Portanto, TODOS NÓS PARTICIPAMOS DO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DE QUALQUER ADOLESCENTE.

É nesta etapa que é desencadeada no indivíduo os sentimentos de insegurança pelo novo corpo que está sendo vivenciado. Na esmagadora maioria da população, vivem a vulnerabilidade em face dos diversos desafios postos pela nova maneira de viver em sociedade.

Vale lembrar que são evidentes e marcantes as contradições da sociedade brasileira que evidenciam que o significado do conceito adolescência e os seus desdobramentos no ciclo vital não são extensivos a todos os/as adolescentes. Este período de vida é, também, acompanhado das peculiaridades das diversas regiões do país, dos vários grupos e subgrupos sociais – econômicos, culturais, raciais, religiosos, etc.. Portanto, também são evidentes as diferenciações e as possibilidades; e, consequentemente, as qualidades do enfrentamento das vulnerabilidades advindas dessas mudanças, que estão diretamente relacionadas às condições que este indivíduo se insere. As características particulares de cada classe sócio-econômico-cultural-religiosa conjugadas a cada sexo, etnia, costumes e moral serão fatores determinantes na superação destas vulnerabilidades.

Os fatores mencionados, concomitantes e com intensidades diferentes entre eles, faz com que seja instalada no/na adolescente a tão falada “crise” - que nada mais é do que a ruptura do conhecimento do corpo e das relações da época de ser criança.

Sabemos que, em qualquer circunstância e em qualquer época da vida, é difícil o ajustamento à(s) mudança(s). Entrar no mundo adulto significa desprender-se do mundo de criança, coisa que acontece aos poucos.

Da parte dos adultos a atenção, o interesse e a compreensão dessa fase evolutiva do/da adolescente contribuirão para que as relações construídas sejam mais amigáveis, saudáveis e produtivas.

O/A adolescente é um viajante que deixou um lugar e ainda não chegou em outro. Vive um intervalo entre as liberdades infantis e novas responsabilidades e compromissos. Vive uma última hesitação antes de assumir os sérios compromissos da vida adulta.

A adolescência é um período de contradições, confuso, ambivalente e muitas vezes doloroso.

Se por um lado eles não querem ser como alguns adultos, por outro lado escolhem outras pessoas para serem os seus ÍDOLOS, nos quais se espelham, imitando-os sem questionamentos.

O adolescente provoca uma verdadeira revolução no seu meio familiar e social e isso cria um problema de gerações nem sempre bem resolvido. Enquanto ele passa por uma adaptação para a fase adulta, seus pais/responsáveis também vivem a ruptura do equilíbrio anterior e passam a representar, com maior ou menor esforço e sofrimento, um novo papel - o de pais de um adolescente, o que lhes exigirá novas respostas.

Muitas vezes também a forma de se vestir do/da adolescente, falar e agir se torna desfavorável para a qualidade dos relacionamentos com os adultos. Isso tem servido para alargar o “hiato de gerações” que sempre existiu entre os adultos e os adolescentes em qualquer cultura. Os adultos ligam essa estética ao grau de sucesso possível para o adolescente fazer a transição para a idade adulta. A ansiedade e a preocupação dos pais sobre sua capacidade de enfrentar os problemas e conseguir status adulto satisfatório não o/a ajuda a formar sua autoconfiança. Ao invés disso, aumenta sua ansiedade e insegurança.

A crítica e o controle que os adultos (pais, avós, professores) fazem da adolescência faz com que os jovens reajam. Acham que estão sendo prejudicados com injustas comparações entre eles e outros adolescentes “rebeldes”.

Outro aspecto importante a ser lembrado é o de que os/as adolescentes preferem agrupar-se com seus “iguais”. Formam suas TURMAS e por meio delas se “re-conhecem” como indivíduos.

Estar junto com outros é mais importante do que o desempenho de qualquer tarefa, opção que requer um envolvimento afetivo com seus pares.

Através da troca de dúvidas e incertezas, EXPERIMENTAM NOVOS DESAFIOS.

A transição para a socialização adulta torna-se difícil porque os modelos de comportamentos sociais apreendidos enquanto crianças já não são mais adequados aos relacionamentos sociais maduros. Porém, espera-se que os seus fundamentos sejam a base das atitudes e padrões de comportamento que o tornarão apto a ocupar o seu lugar no mundo.

Arminda Aberastury ao descrever a fase da adolescência nos diz da importância de ser concomitante a maturação biológica, afetiva e intelectual:

Só quando a sua maturidade biológica está acompanhada por sua maturidade afetiva e intelectual, que possibilita a entrada no mundo adulto, estará munido de um sistema de valores, de uma ideologia que confronta com a seu meio e onde a rejeição a determinadas situações cumpre-se numa crítica construtiva. Confronta suas teorias políticas e sociais e se posiciona, defendendo um ideal. Sua idéia de reforma do mundo se traduz em ação. Tem uma resposta às dificuldades e desordens da vida. Adquire teorias estéticas e éticas. Confronta e soluciona suas idéias sobre a existência ou inexistência de Deus e a sua posição não é acompanhada pela exigência de um submeter-se nem pela necessidade de submeter (Aberastury, 1981).

A realização de seus projetos está diretamente relacionada à sua capacidade de se integrar na sociedade e de absorver valores de trânsito social. Valores esses que são colocados à sociedade por ela própria como “premissas imediatamente evidentes, universalmente verdadeiras”, as quais não exigem qualquer tipo de demonstração. São AXIOMAS que permeiam todas as decisões dos indivíduos.


Até o próximo texto!


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